Friday, May 31, 2024

de 71 à 75

 

71 - A graça do amor

 

 

Por muito tempo ficaste guardada num escuro saco

Desperta, desperta pedra

Acorda espírito de Deus afasta-nos o asco

Por muito tempo ficaste apagada de modo triste

Ascende, ascende vela, traz-nos a luz e vida

Por muito tempo ficaste sem vida, mórbido

Queima, queima inscenso dos caminhos espirituais

Sem que se possa definir no tempo ou datas precisas

O coração se turvou, e a alma se apagou

Acalente-se, pois, coração

Brilhem os olhos em lágrimas

Que o calor de Deus se manifeste

Por muito tempo...

Quanto tempo?

Não, na escuridão não há tempo

Mas sim somente o medo, pavor, incerteza e insegurança

Que as luzes das orações diárias

Venham nos trazer, não sem labor pessoal

Não sem esforço de corpo e mente

Não sem as exigências dos mundos espirituais

Não sem o limite do sofrimento

Antes nos ter atormentado

A graça do amor

 

72 - A parte eterna ( IM )

Estou novamente aqui

É com se nunca tivesse deixado de estar

Pois mesmo que o todo

Fragmentado em partes seja

Há sempre a sensação de infinitude

Por diferentes momentos

Das diferentes situações

Quando as partes têm um único sentido

Não são mais partes

A vida funciona assim

Todas as partes são eternas

O início é a continuação

O fim é fim apenas para a sensação

Fazer e tornar a fazer

Não é igual que simplesmente fazer

De onde provém esta divisão senão da aparente sensação?

Assim são os fragmentos do treino de um corredor

Uma só vivência

Um só momento

 

73 –  Simplesmente isto

 

Um novo hausto de ar penetra em meus pulmões

A música extasia-me os ouvidos

Meu corpo vivencia a plenitude da força física.

Oh! Quão bela é a vida!

Uma nova onda de vida inunda minha alma,

Me sinto bem,

Simplesmente isto.

II - Instigação

De quê modo percebemos a vida?

Qual é o sentido que aplicamos tudo o que nos cerca?

Conseguimos, acaso, perceber a proporção de nós mesmos?

Onde está aquilo que humaniza o homem?

Por onde andará o esforço e a abnegação?

Acaso viste por qualquer canto a audácia

dos grandes projetor e a força de suas realizações?

 

 

74 –  Conselho sábio

I - Introdução

Vejo que ainda há tênue luz

Uma escassez de vida

Que será por certo suficiente

Para fazer sair da cruz

Dos tormentos onerosos

A alma silenciosa

O espírito clama sua vez

Quando cessará a vida mundana

E finalmente a morte virá

Será este momento de glória

Que rujam os tambores da vida

Que renasça o novo homem

Que o trabalho seja fonte de energia

Para mais trabalho e todavia mais

E quando assim for

Que venham novos trabalhos

Que serão novos horizontes

Trabalho da arte, da alma e do espírito

Estando o corpo doente

Num tormento dilacerante

Estará a alma em seu clamor final

Nos limites de suas forças, clamando uma luz

Que virá dos céus com belos arcanjos

Os protetores que com Deus trabalham

Para que a tênue luz

Queime forte

No coração e na mente humanos

Há muito mistério a desvendar

Por isto não se deixe enganar

Pela vida profana

Pela vida mundana

Sejas tu a força de Deus

Faça por merecer

Trabalha e lute em prol do bem

Luta e cria a tua moral

A tua filosofia

A tua imaginação

II – Humildade

Que Deus nos perdoe

O tempo despendido em vão

A falta de organização

E programação da vida

Por isso perdidos vamos

Correndo para todos os lados

Sem direcionar-mo-nos

Quanta ousadia, que erro!

Quanta idiotice!

Confundimos nossas falhas com desgraças...

Que Deus nos perdoe

O tempo despendido em vão

 E que assim sendo

Crie-se a consciência

E faça-se por não mais nos equivoquemos

Em sendas não proveitosas

III –  Tropeço

Tropecei

O fato é que ainda estou de pé

Meio tonto e perdido

O fato é que estou de pé

Sem saber o que fazer

O fato é que estou de pé

Ora estas, mas que pandemônios

Que deverei eu fazer

Senão olhar à frente

E neste caminho prosseguir!

Há todavia muito tempo

Me sinto muito bem

Tenho boa estrutura

Psíquica

Intelectual, sentimental

Física

Muscular, óssea

Que devo eu fazer

Senão olhar à frente

E à frente andar

IV – Alicerce

Tanto tempo demorei a construí-lo

É certo que pela lógica

Levando em consideração

O tempo e a energia despendidos

Na construção d minha vida

Minha personalidade

Sentimentos. pensamentos

Verdades, imaginações

Crenças, hábitos

É isto a minha vida

O alicerce no qual minhas belíssimas árvores

Florescem, Florescem, Florescem

É certo que por tal quantidade

De energia e esforço

Não hei de me perder em caminhos enganosos

E fazer por fingir que a base não mais existe

Seria como fingir que eu mesmo não existe

V – Conselho

Aconselha-se viver numa linha reta

Que vai ao mesmo tempo

Em todas as direções

Não te percas de ti mesmo

Sejas a tua própria harmonia

A tua própria imaginação

A tua própria vida

 

75 –  Segundo conselho

I – Lamentações

Oh! Quão pequeno sou

Não tenho forças

Para caminhar por min mesmo

Resplandecer é para min um sonho distante

Conquistar é uma utopia

Realizar é uma insanidade

Pois a cada paço que tento dar à frente

Acabo por cambalear

Em qualquer direção desconhecida

Que desventura

Oh! Quão desregrado sou

Não tenho forças

Para delinear-me

II – Solução aos pesares

Fica na alegria

Vive na alegria

Não esquece nunca

Dos teus ideais

Pois estes são você

Faça jus com teus hábitos

Assim não te perderás

III – Honra e dignidade

Todos os seres humanos são iguais

Têm honra e dignidade

Seja um mendigo ou rei

Faça por cultuar teu coração

Tua alma, teu espírito

Sejas honrado e digno

Vá direto ao mais complexo de teu ser

À tua essência

Como?

Ora estas, Ora!

Pois assim não te perderás

Nas enganosas sendas do mundo

IV – Quê buscas?

Quê buscas senão à ti mesmo?

Porque perdes teu precioso tempo

Buscando ao mundo?

Se for assim

Passarás uma eternidade

Dependendo das muletas mundanas

Larga-as e cai-a mais uma vez

Aprendendo a andar sozinho

Com esforço conhecerás

Ao mais profundo de teu ser

Arrisca-te

Enfrenta à tudo com Deus no coração

Arrisca-te sem medo

Sofras teu tormento

Conheça-te

Não te distraias com o mundo

Pois este é ilusório

V -  Prevaricação

A vida é tão profunda e bela

Que não há tempo para mesquinhez

Não existe competição entre os humanos

Mas sim o reconhecimento de grandezas únicas

De seres particularmente únicos e belos

Dotados de peculiaridades inigualáveis

Todos têm por isto

Seu valor maravilhoso e belo

Não há tempo para mesquinhez

Quando ireis acordar

Deste sono pérfido

Que é passar a perna no outro?

VI –  Conselho

Sois grandes

Viveis num mundo cheio de mistérios

Melhor é começarem pois

Viver de verdade

VII – Grande aventura

Um dia diremos em conjunto:

Valeu a pena

Oh! Mas que aventura é a vida

Que glória!

Valeu a pena

Tanto tormento entremeado em cáusticas súplicas

Tanto trabalho, esforço e energia

Tantas aprendizagens, tanto labor

Como o suor de um campônio ou atleta

Um dia diremos: Valeu a pena!

Neste dia um largo sorriso brotará da alma

Valeu a pena trabalhar

Porque no trabalho descobri a realização

Valeu a pena ser artista

Porque na arte chorei e sorri

Valeu a pena viver

Porque na vida  descobri o amor

Um dia diremos em conjunto

Valeu a pena correr o risco de viver

Que seja este dia hoje!

de 66 à 70

 

66 – Mundo eterno

I – Eterno devedor

Não há de ser todo momento especial?

Por que não este?

Na vida do homem a bem aventurança é benção.

Tal é a proporção do sofrimento

Tudo parece ser eterno lamento

Vejo que devo aprender a lição

E louvar, agradecer antes de pedir

Orar e venerar antes de reclamar

Servir e trabalhar antes de redarguir

Oh Deus! Quão grande é tua benevolência

Nos caminhos que permeaste aos pecadores

Como poderei pagar? Como retribuir?

A eterna dívida que para contigo e teus servidores tenho?

II –  Eterna busca

Não é a ele que buscamos?

Não é ela quem tantos queremos?

Amor e alegria, as verdades perenes

O fim último de nossa labuta

A derradeira alegria

O pranto final

A satisfação espiritual

Obrigado... Obrigado...

III – Eterna amizade

Assim passa

Que nas sendas espirituais

Muitas almas temos

Como amigas de coração

Que num momento

De fugaz eternidade

Se consuma uma surpresa

Um encontro inesperado

Donde resplandece uns olhos

Num olhar vago e longínquo

Tudo tão próximo e tão distante

No contato entre os mundos

Que em suma são um só

Floresce uma chama

Lapso vivaz

Alegre envolvente

Comovente que descreve

Antigos laços

IV –  Benção

Bendita seja a própria realidade

Por Deus criada

 

 

67 - A grande receita

 

A vida deve-se engoli-la

Antes que ela te engula

Deves tu comanda-la

Antes que ela te comande

Deves doma-la

Antes que ela isto faça com você

Não existem surpresas na vida

Tampouco incovenientes

O que existe é gente perdida

É gente que nem sabe que quer

Se abisma diante do primeiro alarme

Perdendo a sã consciência

Correndo sem sentido

Gritando palavras sem nexo

À estes sobrará a desventura

De perderem-se no labirinto

E quiçá não mais retornar

Se queres pois bem viver

Engole tu antes ela

Que ela antes a ti faça isso

O desespero é o cúmulo

O auge de um clamor desnecessário

Mais vale olhar à frente

Que ao chão se atirar

E aos prantos gritar

Até perder a voz

Não... Isto não é certo

Mais vale muito orar

E com convicção no mundo atuar

Fé inabalável e força de vontade

Ânimo, espírito e calor

São nossas forças

Que do nada surgirão

E o tudo construirão

Pois riqueza é capacidade de produção

E há muito por atuar

Muito por fazer

Projetos e trabalhos

Armações das mais diversas

Quereres, vontades inacabáveis

Serão nossos emblemas daqui por diante

Pois o futuro nunca está distante

Quando o hoje é tão intenso e requisitado

Quanto o amanha que se pretende chegar

Para isto servem os projetos

A vida pede projetos

Assim como um prato uma receita

Para que não vire uma dessas receitas horríveis

Quem comanda a receita?

Quem escolhe o cardápio?

Quem faz a comida?

Quem a come?

Farás tu tudo isto?

Melhor que faças, já que...

A vida? deve-se engoli-la

Antes que ela te engula

 

68 - A maçã e o pecado

 

O prazer parcial não me seduz

Tudo o que é parcial é limitado

O conjunto é integral e harmonioso

Não tive alternativa

O prazer maior é contemplar a vastidão do universo

Se comprazer no sublime silêncio

Em meio à tristeza

Não se iludir com a margem da água

Mas sim notar a profundidade

De lugares desconhecidos e misteriosos

O prazer maior é tão sério e consciente

Que se afasta até do sorriso

O prazer maior é sábio e sério

Percebe o quanto perece o que é parcial

Não é morder uma maçã

Mas contemplá-la

A solidão é o maior prazer

Isto é sabido...

Mas não cumprido!

Qual a saída?

Sim, é esta!

Ensinar a verdade à todos

Definitivamente resolvido

Uma verdade maior

Além das ínfimas preocupações mundanas

Além, Além, Além

Do pequenino desejo humano

Além, Além, Além

Da visão com os olhos

Percepção do espírito

É a que me leva à contradição

Ao dilema, ao atrito

Não é assim, acaso, o progresso?

Por isto ser mais perceptivo é perigoso

Põe em risco à todos que te circundam

Não te entenderão

Não irão sequer querer te entender

A verdade última um dia irá prevalecer

O amor inunda o mundo

O amor integral

Onde o que era pecado se transforma em virtude

No final o pecado é uma virtude

Depende do sentido dado ao ato pecaminoso

Não se deve ver com os olhos

Senão com o espírito

O prazer parcial não me seduz

Mas sim aos que me envolvem

Me cerco de erro... Como acertar?

Não creio mais em meu próprio corpo

A que ponto cheguei?

Meus sentidos não me convencem

Meus sentidos não me seduzem

O prazer dos sentidos me é petulante

Chega a ser algo irracional

Sem fins plausíveis ou concretos

Praticamente uma ilusão

O caminho está por completo no psiquismo

Caminho intelectual e sentimental são a última verdade

Que dá sentido ao físico

 

69  - Visão com os olhos e visão com o espírito

 

Minha alma se confrange

Diante de tal dualismo

Ainda que possa entender

O que ocorre no pecado

Pois o pecador nunca é ciente de seu pecado

Pois está limitado por sua ignorância

Que a si mesmo é lhe desconhecida

Por isto não existe pecado no mundo

O que existe é ignorância

Que deve ser combatida com o desenvolvimento do potencial integral do homem

Para que passe a ver com o espírito e não com os olhos

Não mais seja seduzido por sua própria ignorância

Nem viva mais a completude de sua limitação

Que descubra contemplar a vastidão do universo

Com o espírito

Porque com os olhos não se enxerga tal complexidade de realidade

Sejamos tristes, sérios e sábios

Fugindo à ignorância do prazer limitado

E unindo-nos ao prazer integral

 

70 – Olhar à frente

 

Vamos chorar juntos

Chorar por min

Corar por você

Pois as nossas aventuras foram errantes

Vamos orar juntos

Pois o futuro todavia nos espera

E tamanha é a benevolência de Deus

Que criou um tempo sem fim

Pois já previa nossas fraquezas

E por certo

Que levaríamos muito tempo até enredar

Em veredas lineares

Não percamos mais pois

Nosso tempo

Que as mágoas se dissipem

Oremos

61 à 65

 

61 –  Sobre o movimento pela idéia

 

A arte é reflexo da vida

A corrida é um reflexo do pensamento

A arte é a expressão da vida

A corrida é a expressão do pensamento

A arte é a vida

A corrida é o pensamento

 

62 –  Princípio de tudo

 

Onde houver uma folha em branco

Onde houver uma tecla à disposição

Onde houver uma corda à ressoar

Onde houver um silêncio...

Haverá vida!

Pois a criação depende de um princípio vazio

Viva a arte!

 

63 –  Retratação da realidade

I -  Realidade interna

O medo será sempre medo

Alegria sempre alegria será

Enternecimento sempre enternecimento

A lágrima sempre lágrima

Sorriso por sorriso será sempre alegre

Sinceridade é eternamente sincera

Através do tempo

Através do espaço

Em todas as civilizações do mundo

Diante de todas as realidades

As reações internas são iguais

Diante das realidades diferentes

Que por isto mesmo

Se tornam realidades iguais

Pois é a interpretação

E não a realidade

Pois é a interpretação que reconstrói a realidade

II  - Paródia

Ora estas, que paródia é a vida

Hilário labirinto de caminhos muitos

Comédia de muitas trapaças

Quem é o que entende a sutil piada

O que ri às favas duma parlapatice qualquer?

Ou o que interpreta a ardilosa e sutil hilaridade

III  - Imagem da imaginação

Ora estas que é a vida senão uma abstrata construção

Onde tudo depende de interpretação

Um quadro belo é bem visto

Um feio é mal visto

Qual será o belo? Qual o feio?

De quê devo rir e por quê chorar?

Seguir modismos? Seguir o coração?

IV – Inflamação, alteração pela conclusão

Sempre mudar

E por isto extasiar, abismar, espantar

E mesmo que ao mesmo eu veja

Estará o mesmo diferente

Porque eu mudei

E por isto extasiar, abismar, espantar

Ciclos iguais não são iguais

Ora estas, que paródia é a vida

 

64 –  Visão noturna do sensitivo

 

A noite hoje está tão bela

Eu amo ver a chuva cair à noite

Iluminada por luzes da rua

Os fios de eletricidade, com pingos

E as folhas verdes das árvores

A noite hoje está tão bela

Se eu pudesse eu seria a própria noite

Para viver este momento eternamente

Ficaria satisfeito até

Se apenas sonhasse que sou a noite

Porque no sonho

No momento em que sonhamos

Achamos que aquilo é real

Então me sonho seria realidade

Enquanto sonhasse

Será que quando estamos despertos

Não estamos sonhando?

Porque acreditamos ser real a realidade

E se porventura acordamos da realidade

Notaremos que foi apenas um sonho

 

65 - Sementes da floresta

 

Mal é parte do mundo

Um estúpido à isto não vê

Vive em sua ignorância feliz

Que não é a verdadeira felicidade

Acometido pelo mal estou

Crio forças de meu âmago para à isto superar

Pois isto é parte

Ainda bem que passo pelo tormento

Pois o tormento faz-me mais forte

Que se assim não fosse

Forças de meu espírito

Se elevam de maneira infindável

E quando caído estiver

Quando torpe e terrivelmente dolorido

Brilharão meus olhos

E gritarei até que meus pulmões doam

Crescendo em espírito

É esta a força da vida

É este o bem supremo

Tão arraigado com o sofrimento

Quanto uma floresta que queima

E plorifera sementes

Para novos florescimentos

de 56 à 60

 

56 – Representação

 

São somente os mais sábios

Que podem se dar ao luxo de ser ingênuos

De representar o patético

Somente os mais sábios

Podem fingir que não sabem

Podem e devem

Do contrário seriam taxados de gênios

Somente os mais sabidos

Podem parecer os mais ignorantes

E muitas vezes taxados de estúpidos

Pelos gênios

 

57 – Sátira da folha branca

 

É preferível ter às mãos

Uma folha branca para escrever

Que outra pessoa para confabular

Pois com facilidade pode-se ver

Que a folha branca pode melhor interpretar

As idéias que  das mãos à tinta vão

Que podem os outros entender

A que vai da boca ao cérebro

 

58 - O encontro da verdade

 

As coisas supérfluas deste mundo

Não mais me convencem

O sentido profundo me imunda

Como uma nova realidade

Profunda e maior

Fazendo com que percebesse

Que até então

Fui enganado

Pelas convidativas ilusões da vida

 

59 –  Metáfora do bolso

 

Um bolso não usado

Não está agindo como bolso

Por isto não constitui um bolso

Assim como todos os seres humanos

Que são sensitivos em potencial

O bolso vazio é um bolso cheio em potência

 

60 –  O aprendiz e o virtuoso sensitivo

 

Os caminhos verdadeiros estão na essência

Não se deixai ludibriar pela vida aparente

No silêncio da alma e da própria tristeza

Emerge a alegria

Pois tudo que é brusco e que acontece de repente

É falso

Quereis algo mais verdadeiro que a tristeza?

Algo mais espirituoso que a lágrima?

Os caminhos verdadeiros estão no silêncio da tristeza

Na letargia da arte

No antagonismo da loucura

Na força descomunal do virtuosismo

Os caminhos verdadeiros estão na lágrima humana

Gotas dos divinos céus

Força poderosa irresistível

Pobres daqueles que não percebem

Que quem rege a vida é o próprio inconsciente

E não este consciente perdido e minúsculo

As novidades são promissoras

Contanto que a pessoa tenha a sutileza da percepção

Pés firmes à terra

A arte é a vida que nunca poderá morrer

Distante e próxima de tudo

de 51 à 55

 

51 - Poema dedicado à corrida.

 

Correr é cercar a alma de força

Tresloucar-se num tempo e espaço

Observar o ritmo da lembrança

Que absorve o eterno laço

Das amizades de uma grande dança

No conjunto do triunfo de um ser de aço

Para a felicidade e matança

Dos preceitos errôneos de um maço

De substâncias fétidas de essência crassa

Para que não se dê subterfúgios à um abraço

Vamos fazer uma vaga andança

Por sendas de maravilhosos caminhos

Numa carreira de aço, abraço e força

52 - Conduta moral adequada

 

Todas as noites, a criança dormia nos braços de Deus

Sim! Porque todos eles estão aqui.

Não só vêm nos visitar como convivem conosco

Queima a chama invisível do espírito

Acende vontade irresistível da psique

Sente coração palpitante

Toda a história das tuas vidas

Esta é a grande aventura da vida

Que seria de ti sem o mistério

Que seria do homem sem a aventura de desvendar?

O mistério é pois uma das chaves da vida

Que a trilha que a tua alma percorre

Seja a prevista pela tua consciência

Que Deus nos proteja

Oremos até que estejamos fatigados

E depois oremos ainda mais

E todavia mais

Pois viver é orar

Orar é viver não há distinção

Eles estão aqui

Vive segundo tuas mais íntimas concepção

Extirpa os modismos

Faça queimarem-se as banalidades

Cala a superfluidade que a vanidade junto vai

Enternece-te na ventura de Deus

Sede profundo, directo e grande

Não te contentes com pouco

Luta e vai até o fim

II  De onde vêm este brilho inigualável?

Olhos! Olha a quem te dirige

Não desvia o olhar um segundo sequer

Fala aquilo que queres com veemência e força

Sutileza e brandura

Olha! Não desvies o olhar

Porque é aí que está tua alma

E por estes que falará mais

Não através das palavras

Estas são débeis e frouxas

Quase que um lapso de vida

Se comparadas com a veracidade de um olhar

Olhar fulminante, olhar brando

Os olhos são um cântico

A linguagem assim se reduz a quase nada

De onde vêm este brilho inigualável

 

53 – Crer em Deus.

 

Eis que é chegada a hora

O momento é pertinente

As expectativas são promissoras

Multitude de dilemas

Incertezas, dúvidas e tristeza

Pesar, amargura e por fim...

Um sofrimento terrível, inintendível

Quase a morte

E ainda digo:

Eis que é chegada a hora

O momento é pertinente

As expectativas são promissoras

Será esta a maior burrice?

Parlapatice ou bestiesa?

Crer num futuro benéfico e proveitoso

É crer em Deus

II – Verdadeira vida

Poder espiritual

Percepção angelical

Vôos da alma

Na profundidade do ser

Encontra-se o verdadeiro mundo

Que novidade extasiante!

Concepção inebriante

Logo fico todo cantante

Alegre, feliz por um novo perceber

Posso ver, ouvir, sentir e tocar

Estarei louco?

Serão momentos escassos da vida?

Será esta a verdadeira vida?

Vivo então a falsa?

III - Reflexão

Que noite linda esta

Até parece que as sombras estão vivas

Que as plantas algo querem falar

Noite tal que vou até rezar

Outrora tal era a audácia do mundo

Que o fogo da vela não quis apagar

Que vão os outros de min falar?

Penso que tal foi a benevolência de Deus

Que deixou ao homem a arte inventar

Tantos artistas magníficos

E quantos religiosos não tão valorosos foram amarrar

Homens de visão que a tudo queriam inventar

 

54 – Mundo espiritual

I – Lamentos

Senhor Jesus Cristo

Levantai-me deste buraco negro e pérfido

Somente teus braços terão força para isto

Salva minha alma

Limpa meu espírito

O sofrimento me atazana

Dá-me a mão, a tua força

Põe-me no verdadeiro caminho

Deixa-me atravessar a porta espiritual

E notar a tênue luz, luz da salvação

Seguimos a tua doutrina de luz e glória

De “Bem Aventurança”

Humildade, caridade e labor

Será que somos dignos?

Muitos são os chamados, poucos os escolhidos

Uma dúvida pertinente vêm da alma...

Serei eu um cego?

Caso seja: Perdoai-me senhor

Súplica veemente

II - Êxtase contemplativo

 Obrigado senhor

Pela possibilidade de mais uma oração

Suspiro sincero, alma suplicante

Canto com esmero, coração tonante

Obrigado grande guia

 III – Tomada da “consciência abrangente”

Imagino o quão pequenas são

Minhas cogitações

Dentro das verdades do Universo

De certo modo estes pensamentos me apaziguam

Trazem-me certo conforto

Sinto que as novidades são promissoras

Prosseguirei nas diversas atividades

Na esperança de que Deus é amor

 

55 – Quê é isto?

I – Cogitações preliminares

Quê é isto: A felicidade?

Sentimento pleno

Estado de perfeição

Objetivo do ser

Sorriso constante para tudo e à todos

Energia Divina

Inebriante, extasiante

Contagiante, para frente

Objetivo do mundo

Sol acalentador

Coração pulsante

Caminho de todos

Sublime perfeição

Quê é isto: A felicidade?

Felicidade

Sorriso constante

Maior que as sete maravilhas do mundo

Mais interessante que as 100 bilhões de galáxias do universo

Melhor que o dinheiro

Aliás: Riqueza de espírito

Além da razão

Chega ser até ininteligível

Quê é isto: A felicidade?

Impulso do ser

Que são os problemas diante de uma pessoa feliz?

Senão ínfimo grão de areia diante do maior monte do mundo

Como refutar tal verdade?

Como obumbrar tanta luz?

Esta é meus amigos...

A satisfação humana derradeira

Nem sorvete de chocolate

Nem parques de diversão

Nem sexo ou televisão

Podem ousar se comparar

Aos olhos que brilham

Ao coração que anseia

A verdade do mundo!

A verdade universal!

A felicidade!

II - Divagações

Quê é isto: A felicidade?

Caminho prosaico

Verdade irrefutável

Vontade sem limites que toma minha alma

Caneta de inesgotável tinta

Caminho seguro

Certeza absoluta

Falta de esteriótipos

Humildade, fortaleza

Isto é a felicidade

Amizade, fraternidade, humanidade

Eterno poema que satisfaz

Numa constância inacreditável

III - Descobertas

É a cegueira de todas as outras coisas

Que em suma são consideradas inúteis, ilusões

Quando descobre-se

Quando sente-se

Felicidade

Quê é isto: A felicidade?

Música à um só tempo profunda e hilária

É o andar à toa para todos os lados

E à todos que ver passar amar

Não há quem resista à um sorriso afável

Ou um gesto agradável

IV - Conclusão

É social

Busca sempre o próximo

Preterivelmente os olhos do próximo

É por isto que no amor

Encontra-se a felicidade

de 46 à 50

 

46 –  Corrida da canção infindável

 

Correr com a alma          

É sumamente diferente

Que correr na fria lama

Dos sentimentos não coerentes

 

Andar com o coração

É inteiramente igual

Que cantar uma canção

A não ser que sejas tu mortal

 

Pois imortais todos somos

Quando na alma impomos

Sentimentos verdadeiros

Inteiros e maneiros

 

47 – Grande treinamento de minha vida

 

De forma bastante agradável

Quero falar sobre a corrida

Sendo o  primeiro dia amável

O grande treinamento de minha vida

 

48 –  Apresentação da corrida

 

Como verdadeira e nobre arte

Apresento a corrida como amiga

Como belo estandarte

Num prisma que instiga

Pensamentos e emoções que dessarte

Mexem com a alma e a irriga

 

49 - O aprendiz e o virtuoso sensitivo:

 

Os caminhos verdadeiros estão na essência

Não se deixai ludibriar pela vida aparente

No silêncio da alma e da própria tristeza

Emerge a alegria

Pois tudo que é brusco e que acontece de repente

É falso

Quereis algo mais verdadeiro que a tristeza?

Algo mais espirituoso que a lágrima?

Os caminhos verdadeiros estão no silêncio da tristeza

Na letargia da arte

No antagonismo da loucura

Na força descomunal do virtuosismo

Os caminhos verdadeiros estão na lágrima humana

Gotas dos divinos céus

Força poderosa irresistível

Pobres daqueles que não percebem

Que quem rege a vida é o próprio inconsciente

E não este consciente perdido e minúsculo

As novidades são promissoras

Contanto que a pessoa tenha a sutileza da percepção

Pés firmes à terra

A arte é a vida que nunca poderá morrer

Distante e próxima de tudo

 

50 - Poema dedicado à natação

 

Faz parte de nosso ser

O líquido que nos envolve

O céu, árvores e água posso ver

A magnitude se desenvolve

Nossos corpos são plenos

Corações perseverantes e fortes

Assim são nossos planos

As águas são gigantes

Nos desafiam como pântanos

Com nossas próprias cercantes

Dores que provocam prantos

De lagrimas desafiantes

de 41 à 45

 

41 – Corpo e mente

 

A corrida é uma forma de viver

Outra consciência se expande

Isso me leva a crer

Que tudo faz com que  ande

Na harmonia  que gosto de ver

 

42 – União com a natureza

 

Correr através dos  campos

Correr através de matas verdejantes

Leve sinto-me, numa contínua aventura

Correr com o corpo

Meu corpo é pleno em todos os movimentos

Sou parte de toda esta natureza

Correr com a alma

Pisar em barro, terra, galhos, folhas

Ultrapasso meus próprios limites

Estradas, trilhas e pistas

Me dão o prazer de uma linda paisagem

Gosto de correr

43 – Obrigado espírito altruísta!

Força que se expande de meu ser

Me parece tudo uma prenda

De alma renovada me sinto ao correr

Cantar os pesares minha alma manda

Vários e distantes lugares posso ver

Ao pensar em tudo o que anda

Aqui de verdade minha felicidade pode tanger

Se tudo o que me cerca manda

Proclamo então a ajuda que você têm a oferecer

Abasteço-me de tua oferenda

E rio do que pode acontecer

 

44 – A harmonia do caos

 

Grande amparo que me dá a corrida que faço todos os dias

Ao negrume que apodera-se de meu ser apresento a claridade

Através de um dia lindo com pássaros fortes não me alias

Do mundo que me cerca e de tua cidade

Quê cidade que pensas nestas magias?

Justo mundo que me ensina o esplendor.

Da vida que me cerca com cantorias,

De pássaros que nos seus cantos de condor

Me trazem lembranças de um velho amor.

Não julgo necessário aqui ficar com patavinas

Pois o mais importante é que o rei destas paragens

Ë senhor da natureza que insiste em se mostrar nesta plena manhã.

Das trevas vem a luz que me ilumina.

Da dor provém a glória de muitas minas

Dos ouros e das desventuras,

Dos outros e de minhas agruras.

Que venha então a ira de todos estes reis de que tanto se fala.

Se é que são poderosos desafio seus rancores com minhas lutas

Minhas multas por excesso de velocidade são mudas

Não falam o que não quero ouvir

Singelamente me detenho por instantes

A dizer aos que ouvem.

Que o silêncio vale mais

Que muitas palavras dúbias

Sentimentos que se apresentam imantes

Em meu ser não sei de onde provém

Tamanha sorte de animais

Vorazes de forma súbita

Correr ao sentido de uma grande frase

De um grande poema de um grande livro

De um grande sentido

De um algo que está atrás

Do primeiro passo

Do primeiro pensamento

Passo penso

Penso passo

Penpaso o penso

Papenso o passo

Pompenso o papenso

 

 

45 - Coração e treino

 

O coração se adequa à vida

Da morte surge a vida

Se esvai a fétida morbidez

Áurea alegria se insere nos recônditos mais profundos de meu ser

Antes que chegue a morte com seu eterno dilema me atormentar

Viver com plena consciência, não distante e enterrado como assim diria Platão

Quero como uma pluma cair e ser levado pelo sabor dos ventos que à min aparecer

Ver o coração bater compassado, sublime e aquietado

Mas não morto e tão pesado quanto uma pedra atirada à um negro fosso

O treino traz à vida o bater do coração, compassado e regulado

de 36 à 40

 

36 – Obscuridade interna

 

Eu sou aquele que se alia

Aquele que se distancia

Na obscuridade interna

De pensamentos tempestosos

Na mãe terna

Da imaginação criativa

Eu sou aquele que abrevia

A vida num só termo

Num só consonância

Pois vejo de tudo a essência

O que sempre meu coração antevira

Neste lugar ermo

Há muita substância

Pois abstrair-se é fundir-se

No todo vasto e esplendoroso

A solidão é a prerrogativa da ascensão

Sou aquele que se alia

À filosofia, por isto rio à vontade

De min mesmo, e de todos

Os que me cercam

Nunca entenderiam

Na tempestade do silêncio

Faz-se a vida

Na dialética poética

Faz-se o entender, o saber

Em quê crer?

 

37 – Tamanho de importância

 

Tudo é vida!

Conversar e notar na tua existência

Os detalhes insignificantes

As vivências supérfluas

O banal, fútil e corriqueiro

É o que faz a vida

Pois a vida é o valor que à ela se dá

Quanto mais valor às coisas pequenas

Maiores elas serão

Quanto menos valor à coisas grandes

Menores elas serão

Não existem valores definitivos

No âmbito da consciência

Quê quereis tratar por realidade?

Aquilo que em si não têm tamanho de importância?

Por isto tudo é vida!

De uma formigo À trama mais complexa já posta em novela.

De um livro à um sorriso

De uma preferência à lágrima

Da vida à vida

Só há uma ressalva:

Quanta vida queres viver?

 

38 - Sonho belo e fugaz: Lapso de esperança

 

 

Foi um lapso de esperança

Um sonho belo e fugaz

A perfeição do bem viver

Na simplicidade do sorrir

E se dedicar ao labor

Logo o tormento da lucidez

Coração que se confrange

Alma que apela a justiça

De um caminho linear

Não devem todos os caminhos

Na cabal construção universal

terem tal ventura?

Ventura desejada da harmonia

Da certeza que em tudo há sentido

Pois então da alma surgiram noras esperanças

E, dos clamores e d`um sombrio padecimento

Surgiram cores diversas

Brilhantes, iridescentes e até ofuscantes

Num esplendor vivaz, alegre e luxuriante

Eis que chegou a resposta

Eis que a verdade é maior que qualquer padecimento

São respostas divinas inseridas na vida

Ora numa criança ora numa paisagens

Ora num vento que traz músicas

Pois então que ela seja bem vinda

Recepcionada com todas as pompas

Seja ela convidada bem tratada e vangloriada

A felicidade

Sim, não só de nostalgia vive o homem

Não só de alegrias não consumadas, ou sonhos irrealizados

Não só de objetivos impossíveis ou de idealizações vãs alimentamo-nos

Mas acima de tudo d`uma vontade incessante

Do eterno sonho de viver o pensamento

Decepções, amarguras, desilusões e padecimentos

Desvios dos ideais. Será necessário novo sonho?

Menos audacioso ou pretensioso.

Tal injúria é desnecessária

Pois, vejo à frente futuro promissor, proeminente

Ora estas, tenho então de me alegrar

Notar os olhos brilhar

E o coração se maravilhar

Com a nova vida que chega

Pois na visão holística e integral

O emprego não só é uma obrigação

Mas sim a decisão do que se chama vida

Emprego é labor braçal, ideológico e moral

Unindo corpo, mente e coração

Numa só verdade

Me perguntas na busca de quê?

Do sonho que te fez correr atrás do mundo!

Foi um lapso de esperança

Um sonho belo e fugaz

No entanto: este lapso e esta fugacidade

Me fizeram chegar até aqui

E far-me-ão à frente caminhar

Foi um lapso de esperança

Um sonho belo e fugaz

 

39 – Livros e leitores

 

Há no mundo livros sugestivos

Bons, maus, regulares ruins, produtivos

Péssimos, excelentes, magníficos, intuitivos

Inigualáveis ou destrutivos

Do mesmo modo que no mundo existem leitores:

Bons, maus, regulares ruins, produtivos

Péssimos, excelentes, magníficos, intuitivos

Inigualáveis ou destrutivos

 

40 – Boas vindas à metafísica

 

Sede bem vinda Metafísica

Corrida às origens da essência

Ponto nevrálgico, raiz

O cerne das questões

Início dos caminhos

O que levou a neles estarmos

Alicerces da vida

Destruição do abominável sonho

Das belas ilusões

Das realidades alucinadas

Vôo ou queda?

Precipícios ou céus?

Não se sabe, mas sim que...

São desconhecidos!

de 71 à 75

  71 - A graça do amor     Por muito tempo ficaste guardada num escuro saco Desperta, desperta pedra Acorda espírito de Deus afast...