Friday, May 31, 2024

de 66 à 70

 

66 – Mundo eterno

I – Eterno devedor

Não há de ser todo momento especial?

Por que não este?

Na vida do homem a bem aventurança é benção.

Tal é a proporção do sofrimento

Tudo parece ser eterno lamento

Vejo que devo aprender a lição

E louvar, agradecer antes de pedir

Orar e venerar antes de reclamar

Servir e trabalhar antes de redarguir

Oh Deus! Quão grande é tua benevolência

Nos caminhos que permeaste aos pecadores

Como poderei pagar? Como retribuir?

A eterna dívida que para contigo e teus servidores tenho?

II –  Eterna busca

Não é a ele que buscamos?

Não é ela quem tantos queremos?

Amor e alegria, as verdades perenes

O fim último de nossa labuta

A derradeira alegria

O pranto final

A satisfação espiritual

Obrigado... Obrigado...

III – Eterna amizade

Assim passa

Que nas sendas espirituais

Muitas almas temos

Como amigas de coração

Que num momento

De fugaz eternidade

Se consuma uma surpresa

Um encontro inesperado

Donde resplandece uns olhos

Num olhar vago e longínquo

Tudo tão próximo e tão distante

No contato entre os mundos

Que em suma são um só

Floresce uma chama

Lapso vivaz

Alegre envolvente

Comovente que descreve

Antigos laços

IV –  Benção

Bendita seja a própria realidade

Por Deus criada

 

 

67 - A grande receita

 

A vida deve-se engoli-la

Antes que ela te engula

Deves tu comanda-la

Antes que ela te comande

Deves doma-la

Antes que ela isto faça com você

Não existem surpresas na vida

Tampouco incovenientes

O que existe é gente perdida

É gente que nem sabe que quer

Se abisma diante do primeiro alarme

Perdendo a sã consciência

Correndo sem sentido

Gritando palavras sem nexo

À estes sobrará a desventura

De perderem-se no labirinto

E quiçá não mais retornar

Se queres pois bem viver

Engole tu antes ela

Que ela antes a ti faça isso

O desespero é o cúmulo

O auge de um clamor desnecessário

Mais vale olhar à frente

Que ao chão se atirar

E aos prantos gritar

Até perder a voz

Não... Isto não é certo

Mais vale muito orar

E com convicção no mundo atuar

Fé inabalável e força de vontade

Ânimo, espírito e calor

São nossas forças

Que do nada surgirão

E o tudo construirão

Pois riqueza é capacidade de produção

E há muito por atuar

Muito por fazer

Projetos e trabalhos

Armações das mais diversas

Quereres, vontades inacabáveis

Serão nossos emblemas daqui por diante

Pois o futuro nunca está distante

Quando o hoje é tão intenso e requisitado

Quanto o amanha que se pretende chegar

Para isto servem os projetos

A vida pede projetos

Assim como um prato uma receita

Para que não vire uma dessas receitas horríveis

Quem comanda a receita?

Quem escolhe o cardápio?

Quem faz a comida?

Quem a come?

Farás tu tudo isto?

Melhor que faças, já que...

A vida? deve-se engoli-la

Antes que ela te engula

 

68 - A maçã e o pecado

 

O prazer parcial não me seduz

Tudo o que é parcial é limitado

O conjunto é integral e harmonioso

Não tive alternativa

O prazer maior é contemplar a vastidão do universo

Se comprazer no sublime silêncio

Em meio à tristeza

Não se iludir com a margem da água

Mas sim notar a profundidade

De lugares desconhecidos e misteriosos

O prazer maior é tão sério e consciente

Que se afasta até do sorriso

O prazer maior é sábio e sério

Percebe o quanto perece o que é parcial

Não é morder uma maçã

Mas contemplá-la

A solidão é o maior prazer

Isto é sabido...

Mas não cumprido!

Qual a saída?

Sim, é esta!

Ensinar a verdade à todos

Definitivamente resolvido

Uma verdade maior

Além das ínfimas preocupações mundanas

Além, Além, Além

Do pequenino desejo humano

Além, Além, Além

Da visão com os olhos

Percepção do espírito

É a que me leva à contradição

Ao dilema, ao atrito

Não é assim, acaso, o progresso?

Por isto ser mais perceptivo é perigoso

Põe em risco à todos que te circundam

Não te entenderão

Não irão sequer querer te entender

A verdade última um dia irá prevalecer

O amor inunda o mundo

O amor integral

Onde o que era pecado se transforma em virtude

No final o pecado é uma virtude

Depende do sentido dado ao ato pecaminoso

Não se deve ver com os olhos

Senão com o espírito

O prazer parcial não me seduz

Mas sim aos que me envolvem

Me cerco de erro... Como acertar?

Não creio mais em meu próprio corpo

A que ponto cheguei?

Meus sentidos não me convencem

Meus sentidos não me seduzem

O prazer dos sentidos me é petulante

Chega a ser algo irracional

Sem fins plausíveis ou concretos

Praticamente uma ilusão

O caminho está por completo no psiquismo

Caminho intelectual e sentimental são a última verdade

Que dá sentido ao físico

 

69  - Visão com os olhos e visão com o espírito

 

Minha alma se confrange

Diante de tal dualismo

Ainda que possa entender

O que ocorre no pecado

Pois o pecador nunca é ciente de seu pecado

Pois está limitado por sua ignorância

Que a si mesmo é lhe desconhecida

Por isto não existe pecado no mundo

O que existe é ignorância

Que deve ser combatida com o desenvolvimento do potencial integral do homem

Para que passe a ver com o espírito e não com os olhos

Não mais seja seduzido por sua própria ignorância

Nem viva mais a completude de sua limitação

Que descubra contemplar a vastidão do universo

Com o espírito

Porque com os olhos não se enxerga tal complexidade de realidade

Sejamos tristes, sérios e sábios

Fugindo à ignorância do prazer limitado

E unindo-nos ao prazer integral

 

70 – Olhar à frente

 

Vamos chorar juntos

Chorar por min

Corar por você

Pois as nossas aventuras foram errantes

Vamos orar juntos

Pois o futuro todavia nos espera

E tamanha é a benevolência de Deus

Que criou um tempo sem fim

Pois já previa nossas fraquezas

E por certo

Que levaríamos muito tempo até enredar

Em veredas lineares

Não percamos mais pois

Nosso tempo

Que as mágoas se dissipem

Oremos

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