Friday, May 31, 2024

de 6 à 10

 

6 - MISTÉRIOS DA CORRIDA

 

Correr é estar livre de compromissos

Zelar pela saúde

Viver em liberdade

Ajudar ao semelhante

Que corre como todos correm

Porque todos correm igualmente

Com uma passada e logo outra

Visão de horizontes eternos

Que mudam conforme mudam os pensamentos

 

Viver é estar livre para a corrida

Porque a liberdade é o movimento

Movimento traz novos estados de estar

Muda-se o estado de estar

Um novo eu passa a existir

A mudança é a liberdade

O igual é uma prisão

Boa ou má pode ser

 

É como cantar e sempre mudar

A letra que corre através de sendas

De notas que transcorrem harmoniosamente

Contanto que haja discernimento

Para se fazer treinos adequados

 

Porém nada se explica com facilidade

Pois há vezes que tudo mais parece estar

Em caminhos conturbados e turvos

Como a alma que não sabe

O que sente mediante ao que circunda

Sua própria vida

 

Entretanto nada é auto suficiente

A ponto de a nada e ninguém recorrer

Pois o todo é um conjunto

Conjunto todo todo conjunto todo junto

Pois deste extraímos o que não é só

Uno está no todo

Solidão é morte

Que cai num abismo estranho escuro

A união

É pois um entremeado de caminhos

Tão obscuros quanto a solidão

Porém não sem uma saída

 

Pois estar parado é estar aprisionado

Pois liberdade é movimento

Movimento é busca

De algo ainda desconhecido  portanto

Em que há mistérios

Não trata-se somente de caminhos como também

Soluções desconhecidas

 

7 - OS PASSOS

 

O primeiro passo

É medido pela consciência

Razão seleciona a direção

O corpo resiste à eterna discrepância

Dos mais árduos itinerários

O segundo passo

É de tamanha importância

Que traz ao corpo o hábito

E à mente a fluência

O terceiro passo

Representa o limite da pergunta

O próprio desfragmentar da realidade

Não há idade, falsidade ou adversidade

Que resista à pergunta:

Por quê tantos passos?

Por quê andar?

É tarde para perguntar

Passaram-se 42 quilômetros

Não há o que se lamentar

Onde está a simplicidade?

Fragmentos da vida

Se mesclam ao êxtase

Quarto passo

Os aplausos dão vida à corrida

O silêncio da lembrança

Me retorna à mente

Onde está a simplicidade?

Qual é o caminho?

Fome, fome...

Recordar a beleza

É ficar com tristeza

Como pode isto concatenar?

Está... nos pequenos movimentos

Quinto passo

Mais imponente que aço

Amasso o barro

Sangue e ossos sentem

Lastros de ouro e vida

Em direção ao derradeiro passo

 

8 - CONTEMPLAR DE UM OBJETO

 

Espíritos do dia

Venham ao homem da noite

Suprema sensação de sutileza

Energia emergente

Poema que dá sentido

Ao vazio da vida

Ímpetos, glória, luz, vida

Harmonia que se faz presente

Na noite: um açoite contundente

Sofrimento, amargor, sentimento

Embebido na glória do cálice

Cálice de sonhos

Porventura hei de viver?

Hei de sonhar?

Não é o sonhar viver em âmbitos divergentes?

Porventura hei de correr?

Viver e correr são a sensação do dia.

Morrer e sonhar são a impetuosa noite

Noite de luz, dia de sensações

Ímpetos dilêmicos

Fortes vontades

Superar o insuperável

Descrever o indescritível

Correr, e num letárgico sonho mergulhar

Sonhar e fazer

Realizar e dormir

Sono que abre os olhos aos diferentes matizes

Nunca vistos ou imaginados

Pois a criação...

A criação não vêm da vida

Senão da morte

A morte por isto não intimida

Pois quem vive não sabe o que é viver!

Percepção é sutil

Grotesco é o entorpecimento da ignorância

Na ânsia de muito viver

E nada saber

Noite, dia, luz, morte, entorpecimento!

Liberdade, chaves, prisão, ilusão!

Correr, mesclar, pensar, viver!

Morrer é silenciar

Conhecer o que era insaciante

Pois quem vive não sabe o que é viver!

O silêncio é a liberdade

A estagnação da mente é a prisão

Donde estão minhas chaves?

As esqueci?

Ou me fizeram esquecer?

Já que me conduziram à assim proceder

Não! Não!

Meus ossos vibram

Meu sangue grita

Anseio pela liberdade

Quem sou eu?

Quem é você?

O quê é o mundo?

Nada é explicável

Pois tudo muda

Mas, ainda que assim seja...

Nunca desistimos

Da infindável busca

Da chegada que não existe

Pois quem vive não sabe o quê é viver!

É a vida: suprema e maior

Que os eternos perguntadores

Filósofos petulantes e insistentes

Diante dos olhos da verdade, da realidade

Filósofos já mortos

Servirão de alguma coisa?

Seus sangues já não mais correm!

Seus ossos já não mais os sustentam!

Diferentemente dos olhos e ouvidos

Que olham e ouvem a realidade

Do mundo no qual não mais vivem

Pois há muito estão mortos

Por isto meus amigos:

Quem vive não sabe o que é viver!

 

9 - CHAVES DE LUZ

Guerreiros das luzes

Salvar-nos-ão da decadência

Eterno e veemente dilema

Pérfida, denegrida, vida

Terrificantes sensações, trevas

Trevas que dominam a essência

Dilema de forças antagonistas

Somos protagonistas da morte

Do espírito perturbado

Guerreiros das luzes

Haverá solução?

Vontades contundentes

Que se declinam

Diante das imperiosas forças do destino

Pérfido e desacalentado destino

Quem sou eu? Haverá luz?

Terá o valor da essência se perdido?

Sim, agora notamos...

São responsáveis as aparências.

O baile, este no qual todos entram

A  festejar suas futilidades falsamente

Donde está você?

Notas porventura as mortes da vida?

As contradições, dilemas?

Serão estes os concretos da vida?

Não, não há de ser...

O caos é a morte

Da flecha que se alquebra

Ao atingir os muros duma bela mansão                               

Donde dentro dançam-se músicas

Trajando-se fantasias diversas

Matando-se a essência dos dançantes

Por uma vida supérflua e banal

Rápida, descartável, marginal

Animal

Destituída do notável valor

Da sutileza artística

Sentimentos

Fúria do antro ainda é chama

Que cresce e queima

A farsa da falsidade

As chaves no entanto devem ser forjadas

Para sair-se desta suntuosa mansão

Donde estamos confortavelmente acomodados

A sociedade

 

10 - ETERNO DILEMA

 

Acaso não se pode fazer os dois juntos?

Viver a vida corriqueira e supérflua

De um desatabanado dia a dia

Exigido sem tréguas pela sociedade

E viver o profundo existencialismo

 

Fazer com que a alma imersa

Nos mais belos recônditos

Da literatura, música, pintura, teatro

Em suma: da arte

Com todos os detalhes...

Uma visão holística da vida

Nuances, matizes, ângulos, percaussos

Nunca antes vistos

Porque o profundo é o experimentar.

 

Seria isto o viver?

Definitivamente não!

Amor!

Para consigo, para com os outros

O coração é a ferramenta

A vontade move-a num primeiro ímpeto

A arte é o primeiro parafuso

Para apertar a união

Entre os seres humanos

Arte e coração!

Por mais simples que possa parecer

Um chorar, sorrir, sentir

 

Há de se convir para não esmorecer

Que o simples também é profundo e belo

E também que qualquer ferramenta

Não tem função sem parafusos a apertar

De nada valerá

Ao coração reivindicar

Sem à alguém amar

Ou destituir-se da arte de rabiscar

Cantar, esculpir, interpretar

Representar, escrever e andar

Às luzes do inconcebível

 

Profundo existencialismo

Profundo e corriqueiro

Acaso não se pode fazer os dois juntos?

Não seriam os dois fundidos

Numa só essência?

Forjando com audácia

Gana e prodigiosidade

A espada da coragem

Vontade e experimentação

Profundo e supérfluo

Prófulo Superfundo

A essência da vida!

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